quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Meu pequeno MAIOR amor do mundo

Por Michelle Andrade

Há 1 mês que nasci de novo, e me tornei mãe.
Há 1 mês que trouxe para casa meu presente, tesouro, amor, anjinho, como quiser chamar, para a casa.
Há 1 mês que sou mais forte e ao mesmo tempo a mais medrosa.
Há 1 mês que me vejo chorando de emoção, de medo, de alegria, de cansaço, de amor, muito amor.
Há 1 mês que meu aroma natural é leite.
Há 1 mês que ganhei mais uma parte no meu corpo, a cinta.
Há 1 mês que meu sono não é mais direto, pq mesmo que ele não acorde, lá estou eu, do lado do berço observando aquele serzinho, tão TUDO pra mim, ou então tô arrumando qualquer pedaço de pano que possa enrolar nele, ou tô vendo a respiração dele, ou tô fazendo carinho na cabeça dele...
Há 1 mês que meu programa matinal é Telecurso 2000 e aos domingos a missa do Padre Marcelo Rossi é quem me embala (aham, missa).
Há 1 mês que meus passeios são ir a casa dos meus pais, ir aos médicos (é teste de orelhinha, de olhinho, tudo para deixar aquela pessoa ansiosa (tipo eu) com resultados e mais resultados), ah sem contar as idas a padaria, farmácia (sozinha viu! rs)
Há 1 mês que sinto saudade de ficar 3 horas longe dele enquanto ele dorme.
Há 1 mês que me derreto quando ele acorda e dá a espreguiçada mais gostosa desse mundo e eu dou aquele cheirinho nele.
Há 1 mês que minha maior distração é ficar olhando as caras e bocas que ele faz enquanto dorme no meu colo ou enquanto mama. É sorriso, cara de triste, biquinho, sem contar o sorriso que ele dá só pra mim (sim, é especial o meu).
Há 1 mês que a sensibilidade faz parte de mim, assim como a impaciência, irritabilidade e por aih vai.
Há 1 mês que percebi que ainda tenho que aprender muito sobre músicas de ninar e realmente não achar normal cantar o hino da bandeira quando não vem uma música na cabeça, ou parar de inventar músicas que não rimam nada.
Há 1 mês que eu me sinto a maior das mulheres quando todo mundo tenta fazer ele parar de chorar e no fim quem resolve sou eu. ( Essa cara sou EU)
Há 1 mês que amo incondicionalmente.
Há 1 mês eu entendi aquela frase de mãe "Quando vc for mãe, vc vai entender", ou a frase da minha mãe quando vem fazer um chamego" Você é o ar que eu respiro". É exatamente isso.
Há 1 mês que renovo minhas forças todo o dia ao acordar e vejo que ele tá ali, pronto para mamar, fazer xixi, coco, sentir a temida cólica ( que me apavora sempre).
Há 1 mês que me sinto mais completa e um pessoa melhor.
Há 1 mês que o Bernardo chegou e aquela pergunta jamais se calou "Como foi que vivi tanto tempo sem ele?"




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um suspiro de amor


Por Michelle Andrade

Falta pouco tempo. Apenas um dia me separa de seu rostinho. Me apego a seus movimentos e penso “é daqui a pouco”. To aqui, no mesmo lugar de quando descobri que você entraria na minha vida e um filme roda na minha cabeça. Sentada, ainda tento me acostumar que logo terei você aqui comigo.

Fecho meus olhos e respiro fundo. Quero calma, quero aproveitar esse momento. Quero tê-lo em meus braços. Quero entender ainda mais tudo que vem acontecendo dentro de mim, que me explique quem sou agora.

Ainda quero que cuidem de mim, me abracem, beijem e perguntem se estou bem; mas é melhor poder fazer isso por você. Tudo vai começar, minha vida vai ter um novo início. Fico confusa e nada que escrevo parece fazer sentido completo.

Um dia. É o tempo que tenho para me livrar de qualquer pensamento empoeirado, de estar leve para te receber. Obrigada pelo que já me dá: a existência.





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Meus pés no chão

Por Michelle Andrade
 
Nada de delírios e pensamentos mirabolantes. Pés no chão, pés no chão! Volta e meia me pego falando assim. Talvez seja uma briga diária minha. "É hora de crescer". "Sonhar, mas com maturidade". Tenho um manual de frases prontas,  mantras, o que preferir chamar, que geralmente sigo.Geralmente. Pq tem horas que quero mais é sonhar mesmo,  rasgar fórmulas pré-estabelecidas, sem as limitações tão impostas todos os dias sobre nós (e que nós mesmo estabelecemos). O medo das expectativas frustradas foge da minha mão por um instante e logo volta! Pés no chão, pés no chão! Meus desejos e sonhos voltam a ser projetos, as ações concretas, tudo fica firme de novo, ideal, exato, constante...e um tanto monótono, mais uma vez.

Surge então novamente uma vontade súbita de sonhar. O céu sem limite. Ah meus pés descalços sob as nuvens. Me permito que as certezas me deixem mais uma vez, concedo a mim o direito ao mistério. E então desprendo do chão. Meus pés flutuam, mas ainda não sei, não sei se é isso que quero. Ainda me assusta essa leveza, essa espontaneidade, essa naturalidade tão infantil, tão vital. É um ângulo novo a se encaixar, coisas novas para enxergar. Mas para onde vão me levar? Não há respostas e caminhos legítimos. É a hora de abandonar fórmulas, planejamentos. Nada de resultados definitivos.
 
Deixo me levar, esqueço o friozinho na barriga, que cisma em me pertubar. Desacelero meus pensamentos e repouso o meu olhar. É , eu devia aproveitar. O orgulho da consciência ainda habita em mim. Mas ficar cravada no solo pra sempre? Não dá. Pés no chão, pés no chão! Essa vontade volta a me incomodar.
 
 "O importante é não deixar nunca que o menino morra completamente dentro da gente. Caso contrário, ficamos velhos mais depressa. Dizem que é por isso que os chineses, de incontestável sabedoria, conservam o hábito de soltar papagaio (ou pipa, se preferirem) mesmo depois de adultos. Não sei se é verdade, nunca fui chinês."
(Stanislaw Ponte Preta)

 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Primeiro a educação!

Outro dia voltando para casa, me sentei ao lado de uma mulher com uma criança no colo, com cerca de quatro anos (acho), que chorava sem parar e encarava a mãe, com uma fúria sem igual. Era de "sua bruxa" a tapas no rosto e insinuações que ia dar um soco nela. Como aquilo me assustou, e me irritou ao mesmo tempo. Aquele pitoco de gente era tão cheio de autoridade e agressividade. Como controlar tudo aquilo? Ou melhor, como não chegar a isso? Não é fácil, eu sei. 

Corri para os livros, textos e há poucos dias li um artigo que dizia: “educar um filho nos dias de hoje é uma tarefa de Hércules”.  E comecei a pensar. Há trinta, quarenta anos, a tarefa de criar filhos seguia moldes rígidos, com regras e tradições inquestionáveis, como "criança não dá palpite", "criança tem que obedecer aos pais" ou "criança não tem que querer". Tudo isso profundamente questionado atualmente, principalmente por inúmeras teorias de especialistas no assunto de "como criar filhos".  Muita teoria, pouca prática. O que se observa mesmo no decorrer desses anos é a falência da autoridade dos pais em casa e excesso de confiança dos filhos.

"Vivemos a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. (Paulo Freire). Pois é, a verdade é que a educação da criança e do jovem de hoje tem se tornado muito complexa, indo muito além do controle de quem deveria ter total domínio, os pais.

É preciso um auxílio maior a eles, mas como, se não existe uma "receita pronta" de como acertar na educação do seu filho? Estudamos muitos anos na escola, depois vamos para uma faculdade e aprendemos a exercer uma profissão. A cada ano, vamos nos aperfeiçoando profissionalmente e nos adaptando às mudanças no mercado e no mundo corporativo. Mas, para ser pais e mães, na maioria das vezes, a única bagagem que trazemos é a  própria experiência com os nossos, o propósito de fazer o que os eles fizeram (ou exatamente o oposto),  a sensibilidade que dizem nascer dentro de nós assim que eles nascem, além do amor e a força de vontade. Mas é o bastante? Ninguém descobriu uma fórmula secreta. No entanto, pais têm obrigação de, se não souberem, partirem para aprender de alguma maneira a lidar com toda essa novidade. Já que no fim das contas, educar é mesmo um processo que leva a vida toda.





quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um novo coração

Por Michelle Andrade
 
Faço rabiscos com frases inacabadas
Busco as palavas
Vasculho sentimentos
Solto sons da minha alma
 
Me misturo na confusão 
Que habita hoje no meu coração
Fico espantada com tanta emoção

Rompendo barreiras
Venço uma guerra de sensações
E me envolvo na ternura
Que me remete a você
 
Meus olhos se enchem de luz
O corpo ganha forças 
E as frases perdidas começam a se encontrar
E se ajeitam dentro de mim
 
O amor ganha vida própria
E traduz cada parte do que sou
Como em um quebra-cabeça
Tudo se encaixa
E se revela
 
As mãos ainda trêmulas
sopram palavras para você
Eu só sei te amar
E a voz, quase embargada,
timidamente ensaia uma canção de ninar.
 
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A música que te leva...

Por Michelle Andrade

Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.
Aquela música que te decifra
te demonsta
te domina
te tira de você.

Aquela que você coloca no último voume
E canta o mais alto possível
como se fosse te libertar de alguma coisa
quem nem você mesmo sabe o que é.

Não há quem não volte naquele momento
Aquele exato em que a ouviu pela primeira vez
E sente um arrepio
As vezes bom, outros nem tanto

É, a música pode te trazer as melhores lembranças
E aquelas que você faz questão de esquecer
Música exerce influência sobre a alma
Tem aquela que te faz sorrir sozinho
E aquela que te leva às lágrimas sem qualquer controle

Não há quem não tenha aquela música que te decifra
Onde você se acha
Se monta, se faz
E bate no peito pra dizer:
Essa música é minha!

A música monta uma história
Constrói a sua trilha sonora
É a vida cantada
Dançada
E sentida.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Alto


 "Eu não tenho medo de voar. Eu tenho medo de estar fechada num lugar e de ter escolhido estar fechada nesse lugar. Tenho medo porque meus pés sentem o chão mas ele é falso. Meus pés sempre me obrigam a sentir a verdade e eu sou obrigada a dizer a eles que aquele chão não dura e nem é de terra. Tenho medo do absurdo que é sorrir e dizer "guaraná normal e sem gelo, grata" enquanto se quer dizer "que
merda é essa de estar voando se não sou a porra dum passarinho?". Tenho medo porque quando acabar estarei em outro lugar. Agora, se eu pudesse escolher o maior de todos os medos, eu diria "a chance disso cair agora é muito pequena". Estou sobrevoando, sem inteligência, a água profunda que aprendi a chamar de casa mas também de intervalo. A verdadeira angústia de voar é estar acima da nossa vida. Voar é tornar nossa rotina banal. Estou voando há dias, de primeira classe, com vista para o desenho de um país que não sei o nome. Ao lado de uma pessoa que, até que enfim, não é mais uma barrinha de cereal."
(Tati Bernardi)