quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Paciência

 Arnaldo Jabor

"Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.
 Por muito pouco a madame que parece uma "lady" solta palavrões e berros que lembram as antigas "trabalhadoras do cais"... E o bem comportado executivo?
 O "cavalheiro" se transforma numa "besta selvagem" no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...
 Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma "mala sem alça". Aquela velha amiga uma "alça sem mala", o emprego uma tortura, a escola uma chatice.
 O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.
 Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...
 Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.
 Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.
 A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.
 Pergunte para alguém, que você saiba que é "ansioso demais" onde ele quer chegar?
 Qual é a finalidade de sua vida?
 Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
 E você? Onde você quer chegar?
 Está correndo tanto para quê?
 Por quem?
 Seu coração vai agüentar?
 Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?
 A empresa que você trabalha vai acabar?
 As pessoas que você ama vão parar?
 Será que você conseguiu ler até aqui?
 Respire... Acalme-se...
 O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência..."